domingo, 2 de agosto de 2015

Desigualdade de gênero na escola

Foto por: Enokson; Disponível em: https://www.flickr.com/photos/vblibrary/8465390145


Um dos estereótipos mais errôneos que a sociedade atribui às mulheres é de que elas supostamente seriam mais inclinadas para as artes e literatura, enquanto homens estariam propensos a nascerem com o "dom" da matemática, engenharia e ciência. Enquanto meninos são estimulados através de jogos e brinquedos a refletirem sobre ciência e matemática, meninas geralmente são obrigadas a lidarem com um mundo de brinquedos cor-de-rosa que nada estimulam o raciocínio lógico. O fato de existir poucas mulheres matriculadas em cursos superiores na área de Ciências, em especial, Ciências Exatas, acaba por alimentar esse pensamento sexista.

Visando investigar o motivo desta discrepância entre homens e mulheres nesta situação, um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Tel Aviv (Israel) constatou que professores tendem a superestimar meninos na área de ciências e matemática e subjulgar meninas nestas mesmas áreas. Foram aplicados testes para alguns alunos e alunas da sexta série aos anos finais e separados dois grupos de professores que teriam a tarefa de corrigir estes testes: um dos grupos sabia os nomes dos alunos, e o outro teria que corrigir as provas sem acesso à identificação do estudante.

O resultado foi que, apesar do teste cego ter mostrado notas equilibradas, a correção realizada pelo grupo que tinha acesso ao nome dos alunos foi muito mais rigorosa com as meninas, e, mesmo tendo respostas equivalentes para as mesmas perguntas, as notas atribuídas aos meninos era muito mais generosa que a conferida às meninas. Apesar de sabermos que a escola não é o único fator que vai definir as escolhas profissionais futuras do aluno, é um fato que ela é um elemento de considerável importância. Na idade de escolarização, todos os estímulos que os estudantes recebem dos professores pode deixar marcas duradouras e a falta de incentivo é internalizada pelas alunas, que vestem as carapuças que os professores e a sociedade as atribuem.

Apesar do estudo comentado ter sido realizado analisando Israel, pode-se extender também para o Brasil, onde a média das mulheres nos cursos de Física, por exemplo, não costumam ultrapassar 20% dos alunos de graduação nas principais universidades do país. São necessárias políticas públicas eficientes de combate à desigualdade de gênero e uma inserção de tópicos que abordem a discussão destes temas dentro das escolas e na formação inicial dos professores.

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