segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Física na cozinha



O ensino de Física em nível técnico integrado ao Ensino Médio na modalidade PROEJA (Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos), cujo oferecimento é obrigatório nos IF’s (Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia), não deve ser um currículo de EJA, tampouco um currículo de Educação Profissional. Tal currículo deve ser voltado para pessoas que trabalham ou que querem trabalhar, e que não têm possibilidade de acesso e permanência escolar na idade dita regular por várias razões. No entanto, diante dessa demanda, percebe-se uma restrição de carga horária importante, que também é observada em currículos de EJA oferecidos pela rede pública estadual. Devido ao pouco tempo destinado à Física na grade curricular e à forma como ela é normalmente desvinculada da realidade dos alunos, torna-se um desafio ao professor apresentar uma abordagem mais contextualizada. 

Partindo disso, foi elaborada e aplicada uma proposta denominada Física na Cozinha durante o semestre 2012/1 com uma turma de 29 alunos do 3º semestre do Curso Técnico em Administração, em nível de PROEJA, do Instituto Federal Sul-Rio-Grandense/campus Sapucaia do Sul/RS. O objetivo foi proporcionar uma aprendizagem de Física relacionada a conceitos de Termodinâmica e Eletromagnetismo a partir de situações do cotidiano, em especial a partir da exploração de técnicas, receitas e equipamentos culinários e de experiências que podem ser feitas em qualquer cozinha. Desta proposta surgiu o trabalho de dissertação de Mestrado Profissional em Ensino de Física, sob orientação do Prof. Dr. Marco Antônio Moreira, junto ao Programa de Pós Graduação em Ensino de Física da UFRGS. De algumas experiências de sucesso e do aperfeiçoamento posterior de outras, gerou-se o atual produto educacional, que se trata de um Texto de Apoio ao Professor de Física omposto de cinco unidades, contendo experiências que exploram conceitos físicos no ambiente culinário. 

A proposta aplicada, bem como este produto educacional tiveram como referencial teórico a Teoria dos Campos Conceituais de Gérard Vergnaud (Moreira, 2002). Esta teoria parte de que o conhecimento humano está organizado/estruturado em campos conceituais que são dominados ao longo do tempo através de experiência, maturidade e aprendizagem. Outra ideia fundamental, de acordo com Moreira (2002), além de que a conceitualização é o núcleo do desenvolvimento cognitivo, é a de que são as situações que dão sentido aos conceitos. Como para Vergnaud não se aprende um conceito em uma única situação, são propostas diferentes situações que proporcionam evidenciar, ilustrar um mesmo conceito físico, procurando apresentá-las num grau crescente de complexidade. 

Em anexo segue o link do trabalho completo: http://www.if.ufrgs.br/public/tapf/v23_n5_rekovvsky.pdf

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