Não pensem que as unidades não importam. Elas se importam!
Em maio desse ano, a empresa de trem SNCF cometeu um erro que irá custar
dezenas de milhões de euros aos cofres franceses: ela comprou 341 trens novos,
mas que eram largos demais para caber nas plataformas.
Um erro grotesco, certamente, mas este não foi o único nem o primeiro da
história. Eis aqui outros exemplos onde um pequeno erro de cálculo teve
consequências catastróficas ou, pelo menos, saiu muito caro. E veja só, nenhum
deles aconteceu no Brasil.
Créditos: GettyImages.
A sonda que
desapareceu
A sonda Mars Climate Orbiter foi criada para
monitorar o clima em Marte, mas desapareceu em 1999 por um “erro de cálculo”. A
equipe da NASA usou o sistema anglo-saxão de unidades (polegadas, milhas,
galões, etc), mas uma das empresas contratadas usou o sistema decimal, que
usamos mais comumente aqui no Brasil (metro, grama, litro, etc.).
O resultado foi um erro de cálculo suficiente
para fazer a sonda de US$ 125 milhões chegar perto demais de Marte ao tentar
manobrar para entrar em órbita. O mais provável é que ela tenha se destruído ao
entrar em contato com a atmosfera.
Créditos: Antonio M. Rosario/GettyImages.
A ponte que balança
A ponte
Tacoma Narrows foi criada em 1938 sobre o Estreito de Tacoma, em Washington,
Estados Unidos. Por um erro de engenharia, a ponte balançava muito e foi até
apelidada de “Ponte galopante”. Demorou apenas dois anos para que, com ventos
fortes a 65 km/h, a ponte finalmente caísse.
Os ventos causaram movimentos de torção na ponte, levando a estrutura a
colapsar. Felizmente, não ouve nenhum ferido no acidente. Uma nova ponte foi
construída no local e funciona até hoje.
Créditos: Domínio
público.
As fotos borradas do Hubble
O
telescópio Hubble é provavelmente o mais famoso do mundo por suas belas imagens
do espaço. Sendo um grande observatório espacial e não-tripulado, só poderia
ser considerado um sucesso absoluto da NASA, não fosse pelo fato de que ele
também já sofreu com um erro de cálculo.
As primeiras imagens enviadas pelo telescópio, no início dos anos 90, estavam
borradas, pois seu espelho principal era muito plano. Na verdade, a diferença
era de apenas 2,2 micrômetros, uma medida 50 vezes menor do que a espessura de
um fio de cabelo, mas era suficiente para colocar todo o projeto em risco.
Foi necessária uma missão com um ônibus especial em 1993 para consertar o
problema.
Créditos: Frank
Whitney/GettyImages.
O navio que não flutuava
Em 1628,
a Suécia inaugurava o navio de guerra mais poderosos do mundo, com 64 canhões
de bronze. Na sua viagem inaugural, o navio Vasa, no entanto, vazou. A menos de
2 km da costa, o navio naufragou e infelizmente 30 pessoas morreram.
Segundo arqueólogos que estudaram o navio em 1961, o problema foi que o navio
era assimétrico, sendo mais espesso a bombordo do que a estibordo. Mais uma
vez, a razão pode ter sido o uso de medidas diferentes, já que quatro réguas
usadas para a construção foram encontradas, sendo duas calibradas com pés
suecos, e outras duas com pés de Amsterdã.
Créditos: Lonely
Pianet/GettyImages.
O prédio que derrete carros
Sabe
aquela “brincadeira” de queimar formigas com uma lupa? É mais ou menos isso que
um arranha-céu conhecido como "Walkie-Talkie" está fazendo em Londres
desde o ano passado.
O edifício tem vidros espelhados côncavos e, com o calor gerado pelo reflexo do
sol em suas janelas, atinge os carros estacionados nas ruas próximas.
O prédio ainda está em construção e a empresa responsável tomou medidas de
emergência, como fechar os estacionamentos próximos até que uma solução
definitiva seja encontrada.
Créditos: Oli
Scarff/GettyImages¨$
O avião sem combustível
Em 1983,
um avião da Air Canada ficou sem combustível enquanto voava sobre a província
canadense de Manitoba. Não havia acontecido nada de incomum que justificasse a
falta de combustível, a não ser mais um clássico erro de cálculo causado pela
confusão com o sistema de medida.
O Canadá havia recentemente adotado o sistema métrico decimal. O indicador de
combustível a bordo do avião não estava funcionando e a tripulação foi
responsável por fazer o cálculo do reabastecimento. Resultado: o avião, que
deveria ter sido abastecido com 22300 kg de combustível, levantou voo com
apenas 22300 libras, menos de metade.
Felizmente, o piloto conseguiu aterrissar na pista de Gimli. Apenas 10 pessoas
ficaram levemente feridas, mas não houve nenhuma morte.
Créditos: BY-SA
3.0